Esse nem vai ter muita história.
Meio do ano significa noite fria, ao menos no centro-sul do Brasil. Aqui em Brasília coincide com a época menos úmida, então, à medida que a noite cai, a temperatura cai junto. Neste tempo, nada melhor que algo quentinho para comer depois do trabalho.
A comida do centro-sul - particularmente Minas, São Paulo, Paraná, Goiás, Matos Grossos - é rica em pratos com milho. Pamonhas, mingaus, bolos, cuscuzes, sopas, broas, pães, bolinhos.... ai que fome!
Quebra do Milho
Pena Branca e Xavantinho
Mês de agosto
é tempo de queimada
Vou lá prá roça
preparar o aceiro
Faísca pula
quem nem burro brabo
E faz estrada lá na capoeira
A terra é a mãe,
isso não é segredo
O que se planta
esse chão nos dá
Uma promessa
a São Miguel Arcanjo
Prá mandar chuva
pro milho brotar...
Passou setembro,
outubro já chegou
Já vejo o milho
brotando no chão
Tapando a terra
feito manto verde
Prá esperança do meu coração
Mês de dezembro,
vem as boas novas
A roça toda já se embonecou
Uma oração
agradecendo a Deus
E comer o fruto
que já madurou...
Mês de janeiro,
comer milho assado
Mingau e angu
no mês de fevereiro
Na palha verde
enrolar pamonha
E comer cuscuz
durante o ano inteiro
Quando é chegado
o tempo da colheita
Quebra de milho,
grande mutirão
A vida veste sua roupa nova
Prá ir no baile lá no casarão...
Então, num dia frio desses, de posse das lembranças do centro-sul mais roots - Brasília tem tudo isso, mas não é a mesma coisa, resolvi fazer um creme de milho.
Como não tenho espigas de milho frescas do quintal, bati uma lata de milho, sem o caldo, no liquidificador com um pouco de água, mais ou menos 3/4 da lata. Refoguei um pouco de alho no azeite e despejei o milho batido. Temperei com salsinha, sal, pimenta, e deiei apurar. O creme está pronto. Quem quiser, pode colocar um pouquinho de creme de leite.
Em paralelo, grelhei pedaços de linguiça de fumada (que trouxe de Goiás) e coloquei no fundo de uma caneca. Cobri com o creme pronto e, salpiquei com uma mistura de queijo parmesão ralado e ervas secas. Comi e fui dormir feliz.
Sílvio Barbosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário